Filha: Para Sempre em Mim
Desde o instante em que sonhei com você, minha menina, você já era amor. Um amor que nasceu antes mesmo do seu nome, antes de seu primeiro choro. Eu te imaginei nos meus braços, te senti ainda em silêncio, dentro de mim, crescendo com cada batida do meu coração. A barriga aumentava, mas o que mais crescia era a minha esperança — de te ver sorrindo, de te guiar nos primeiros passos, de te ensinar o mundo com cuidado e ternura.
E então você veio. Um raio de sol em forma de gente. Seus olhos curiosos, suas mãozinhas apertando meus dedos, como se já soubesse que eu era sua, e você era toda minha. Crescemos juntas, eu aprendendo a ser mãe, e você, filha. Cada fase sua era uma nova versão de mim renascendo. Planejei seu futuro como quem borda um vestido de renda fina: com zelo, com sonho, com fé.
Mas a vida… a vida tem suas dores inexplicáveis. Deus levou você cedo demais, minha flor. Tão jovem, tão cheia de vida, tão cheia de bondade. Não há dia em que eu não questione, não suplique por respostas que nunca vêm. Por que você? Por que tão cedo? Você tinha tanto ainda pra viver, pra sonhar, pra realizar. E eu, tantos planos pra te acompanhar. Ver suas conquistas, amparar suas quedas, sorrir com suas vitórias.
Agora tudo é silêncio. Um silêncio que grita dentro de mim. A saudade não é uma ausência qualquer — é uma presença esmagadora do que foi e não será mais. O seu quarto, as roupas que ficaram, o perfume no travesseiro, a memória da sua risada… tudo pulsa em mim como se você ainda estivesse aqui.
Mas, minha filha, há algo em mim que insiste em crer: que o amor atravessa o tempo, a carne, a distância. Às vezes, quando fecho os olhos, eu sinto você comigo. Sinto sua mão na minha, sua voz me chamando de mãe. E é nisso que me agarro. Na fé. No invisível. Na certeza de que, mesmo em planos diferentes da existência, estamos conectadas. Porque o amor, minha filha, o amor não morre.
Falo com Deus todos os dias. Peço força, peço paz. Peço que Ele me permita sonhar com você, sentir você, seguir em frente mesmo com essa dor que não passa. Peço para aprender a viver sem sua presença física, mas sem jamais esquecer sua essência.
Hoje, mais do que nunca, entendo o valor do tempo. A vida é um sopro. E no meio da correria, dos compromissos, das urgências, o que realmente importa são os momentos. O abraço apertado, o “eu te amo” dito sem motivo, o olhar demorado, o riso espontâneo. Se eu pudesse voltar no tempo, viveria cada instante seu ainda mais intensamente. Mas sei que você sabe o quanto foi — e ainda é — amada.
Por isso, minha filha, sigo tentando. Um passo de cada vez. Me conectando com a espiritualidade, com a natureza, com tudo o que me faz sentir mais perto de você. Talvez eu nunca aceite sua partida, mas prometo honrar sua vida. Você foi luz. E sua luz ainda brilha em mim.
Te amo para sempre.
Sua mãe.❤️❤️❤️